segunda-feira, 16 de julho de 2012

Equilibrium, Filme (o Triunfo)


A Luta nunca será em vão.


...Não há nada de muito profundo no filme, mas um item que nos espanta pela ousadia do autor em tentar traduzir, de modo fantástico, sua visão acerca da culpabilidade humana. Ele, na película, culpa o ser humano por todas as mazelas existenciais nas quais vivemos ou podemos vivenciar a partir do que fazemos, pensamos e desejamos. Principalmente no que desejamos. E vou dizer, baseado em premissas tradicionais, ele está correto. Todavia, ele mexe com algo que nos faz humanos, com algo que, se não tivermos, deixaremos de nos conectar com os deuses!

Estou falando dos desejos, ou como diziam os indianos, com o Kama Manas (a parte fogo), aquela que nos faz vivenciar cada goteira de sensação humana e transmutá-la para o céu interno – em falta nos animais, plantas, pedras – e isso não se pode retirar de nós.

No filme, a sacada do autor em deixar apenas alguém no comando de uma sociedade, dando-lhe pílulas com a finalidade de controlá-la, realmente é científico, pois o que nos faz humanos, hoje, são os desejos, essa força traduzida em gestos, em falas, em sentimentos poéticos ou não, em garras, ideais, objetivos, em oração a deuses, em tudo que pensamos, caso contrário seremos apenas animais, pois estes são apenas instintos ambulantes selvagens os quais vivem dentro de leis as quais somente eles respeitam e vivem.

Claro que, quando o autor nos coloca a possibilidade de sermos os reais culpados pelas dores da humanidade, há uma verdade nisso, contudo, há os grandes homens que sempre nos trouxeram suas filosofias, e outros, o seu amor, e que, sem eles, não havia outra coisa no mundo a não ser guerras, desordem, desamor, o que nos faz repensar que não há apenas mazelas, tristezas neste planeta, mas também pessoas que lutam em favor da paz e conseguem; que se dão em batalhas em nome de ideais grandiosos, e vencem!

Contudo, o que nos fica são as imagem da dor que se sobrepõem a cada ano, e reunidas de modo proposital, assim como no grande telão do filme em questão, para usufruir do próximo ou mesmo comandar seu livre arbítrio, nos faz refletir se realmente não seria melhor que houvesse uma força para nos direcionar em caminhos reais ou metafóricos.

E há. Os mestres da humanidade, desde que existem, vivem em função de apenas um objetivo, dar-nos a direção correta a partir de nossas ferramentas (personalidade), parcas ou não, sendo cada pessoa responsável pela chegada à linha final.

Tais mestres – Platão, Aristóteles, Zoroastro, Cristo, Plotino, e muitos outros que vieram antes – nos trouxeram conhecimentos em forma de mitos, parábolas, escrituras clássicas, as quais sintetizam o trabalho humano dentro de sua evolução. Compreender isso é tão complexo que muitos se destroem e outros se enganam, ou enganam muitos, na tentativa de realizar a maior das tarefas.

Alguns tentam se parecerem com seus mestres, outros, tentam fazer o que fizeram no passado, mais alguns se suicidam tentando encontrar um meio de conhecer o céu mais rápido, e assim por diante... Dessa forma, confusos, somos meros homens em pé de guerra consigo mesmos, refletindo em nossos atos em forma de guerras, mortes hediondas, loucuras, o que nos faz, nada mais que nada menos, dentro de tudo, buscadores, ainda que em meio a intempéries!

No filme,

Quando Christian Bale escuta, depois de anos, uma música que, a meu ver, foi uma outra sacada genial do autor (já pensou se fosse um rock pesado?!), colocando Bale frente a uma das mais belas canções feitas pelo homem (Beethoven), dando margem ao personagem de refletir, dentro de seu estado psíquico e astral, acerca do mundo a sua volta, e das pessoas que nele estão; margem para repensar os valores a partir do nosso comportamento, tão frio ante as coisas mais belas, as quais se passam sem serem notadas, e mais, reviver, ainda que em poucos segundos, o mais belo dos pensamentos, “o que somos nós?” -- o autor fez um dos poucos filmes a serem vistos e revistos.

Não somos pedras, que vivem paradas esperando a inércia do mundo movimentar-nos, ou mesmo plantas ou árvores, que crescem, dão frutos, e morrem sem saber o que as trouxe e o porquê, muito menos animais, os quais crescem, nascem e morrem satisfazendo seus desejos instintivos, seja em forma de coitos, ou como predadores carnívoros, não, não somos. Talvez nos caiba ser tudo isso metaforicamente, mas, no fundo, somos humanos, e assim seremos ainda que guerras homicidas nasçam e assassinem milhões de inocentes, em detrimento de alguns poucos. Somos humanos, sim, pois temos a grande ponte a atravessar, duvidas a sanar, temos respostas a dar, amor em compreender, vidas a cuidar.  Temos uma viva a ser vivida.

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