quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Meu Projeto, Meu Ideal: a vez dos tijolos.

Tijolos: celulas de um corpo.
Hoje, diante de meu projeto  -- minha casa --, chego à parte que mais me coça a alma: a de levantar as paredes. São mais de dez mil tijolos, a contar com os do segundo andar. Mesmo sendo um terreno que abarca cerca de setenta metros quadrado de área, há um numero indefinido desse barro formatado, feito para estruturar casas, edifícios, paredes, muros, enfim, tijolos e mais tijolos, porque há sempre aquele que não chega a ser um pouco da casa, pois se quebra e vira pó...

Contudo, há aquele que pede e implora para fazer parte do projeto como se fosse uma criança, mesmo quebrado, seco, molhado, mas que possui, em si, uma força semelhante a um humano, a um átomo! E o pedreiro diz para alegria dele “Esse, você aproveita, porque ainda tá bom”. E a alegria em vê-lo “sangrando” na terra e sorrindo vem desabotoada nas mãos do mestre, que às vezes o leva nas mãos como se uma fosse uma criança, mas na maioria das vezes um homem em potencial.

Assim, tijolos adentram na obra, unidos pela união daquele cimento, daquela areia, daquela mexida  primordial que os fazem selados com a ajuda da espátula, das mãos e do coração do pedreiro, o jardineiro fiel.

Outros materiais também se organizam e sintetizam a base de tudo, mas o levantar das paredes... Meu Deus, como eu queria que minha genitora estivesse presente! Com certeza ela diria... “É meu, filho, com a ajuda de nosso Senhor, você vai ter a casa da sua vida!”. E vou mesmo, minha querida mãe. E devo agradecer, antes mesmo até de Deus, a sua divina presença que fora mais que necessária nesse fim, pois me dera a mais brilhante educação que poderia ter dado, ainda que eu claudique nela, pois não sou perfeito.

Longe disso. Sou apenas um menino-homem atrás da sua sombra particular, ou melhor, de seu abrigo, no qual agradecerei sempre, de joelhos, a sua presença, mãe, na terra. E hoje, compenetrado nessa grandiosa obra, sinto a vontade de estar aí, seja onde estiver, sentado, observando os pequenos-grandes-homens nela trabalharem, e, ao seu lado, ouvir seus regionais comentários.

Mas a obra e a vida continuam – aqui e em outro nível que desconhecemos, mas que, no fundo de nossos corações, sabemos que existe. E espero que o levantar das paredes, assim como o levantar de um corpo, venha a ser o inicio de uma consciência madura, forte, como aço, e que ao mesmo tempo seja o levantar daquelas paredes que um dia nenhum lobo conseguira destruir.

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